O Brasil, que foi um dos carros-chefes junto com a China, na explosão de assinaturas móveis nos últimos cinco anos, está próximo da saturação do mercado e exige uma estratégia conjunta dos atores do ecossistema - leia-se teles e governos - para levar a conexão para a população de menor poder aquisitivo, em especial, nas áreas rurais ainda não atendidas com o serviço celular, pondera estudo da GSMA Intelligence, divulgado nesta segunda-feira, 22/02, no Mobile World Congress, que acontece em Barcelona.
O estudo aponta ainda que a disputa pelo chip único - uma estratégia já adotada no Brasil pela TIM, Oi e Claro, e menos pela Vivo, que não briga pelo mercado pré-pago - será uma realidade no desenvolvimento de negócios das operadoras de telecomunicações móveis nos próximos quatro anos. O levantamento projeta que quase três quartos da população do mundo vão estar conectados a uma rede móvel até 2020. Isso significa que haverá a adição de um bilhão de novas pessoas à carteira móvel, elevando o total para 5,6 bilhões - o equivalente a 72% da população global prevista para 2020.
Mas a pesquisa adverte que o crescimento de assinantes únicos deverá abrandar ao longo deste período em relação aos anos anteriores, em função de muitos mercados - como é o caso do Brasil e também da China, apesar de este ainda ser considerado emergente - estarem se aproximando do ponto de saturação. A tendência, pondera ainda a GSMA, só reforça a necessidade de operadoras de telefonia móvel buscarem novas oportunidades de crescimento em áreas como a 5G, M2M e Internet das coisas.
"Ao longo dos próximos cinco anos mais de um bilhão de pessoas vão aproveitar as oportunidades sociais e econômicas possibilitadas por conectividade móvel, mas, agora, estamos entrando numa nova era que apresenta os operadores móveis com novas oportunidades e desafios", disse Hyunmi Yang, chefe estratégia da GSMA.
"Já estamos vendo os operadores nos mercados desenvolvidos altamente penetrado buscando compensar a desaceleração do crescimento de assinantes única evoluindo e ampliar os modelos de negócio e investir em novas tecnologias de rede, serviços e ecossistemas digitais. À medida que novos serviços se desenvolvam em plataformas móveis, os operadores em todo o mundo devem garantir que elas possam vir a capitalizar as novas ações", acrescenta.
O levantamento da GSMA Intelligence calcula que havia 4,7 bilhões de assinantes móveis exclusivos em todo o mundo ao final de 2015, o equivalente a 63% da população global. A indústria tem beneficiado de crescimento de assinantes rápido ao longo dos últimos cinco anos, somando 1,4 bilhão de novos assinantes entre 2010 e 2015.
Mas muitas regiões economicamente desenvolvidas, nomeadamente a Europa e os mercados desenvolvidos da Ásia-Pacífico (por exemplo, Coréia do Sul, Japão, Austrália) já atingiram níveis extremamente elevados de penetração da telefonia móvel e, agora, estão agora no ponto em que as oportunidades de crescimento de assinantes futuros são limitadas.
O relatório destaca também que dois dos maiores mercados móveis do mundo, China e Índia, vão representar 45% do aumento de assinantes nos próximos cinco anos. E como já destacado na reportagem, em 2020, muitos mercados em desenvolvimento que têm sido os principais motores de crescimento de assinantes recente - notadamente China e Brasil - estão se aproximando do ponto de saturação.
Em termos de negócios, o momento das teles é outro. A hora é de investir em áreas como o M2M que será um carro-chefe para a conquista de novas adesões de conexões, independente dos números de assinantes. As redes 5G, sustenta ainda o relatório, terá também um papel crescente no desenvolvimento de novos serviços para dar a rentabilidade financeira aos serviços móveis.
*Com informações do Mobile World Congress Daily